Honra: um código apagado ou esquecido?
- Solanna
- 11 de jun.
- 3 min de leitura

Ás vezes, paro para analisar sobre a honra... de tempos em tempos esse assunto volta aos meus pensamentos... chega a ser recorrente...
Será que em algum momento a honra entre humanos realmente existiu?
Ou tudo só passava de meros jogos de interesses onde os que tinham maior poder inventavam esses tais códigos de honra para subjulgar e manipular os demais?
No decorrer da minha vida encontrei muitas pessoas, de diversos tipos, crenças... de algumas só ouvi relatos, de outras convivi de fato...
Sobre as que convivi, tive o desprazer de presenciar a falsidade nua e crua... Onde diz-se uma coisa, combina-se algo e no instante seguinte o tal combinado se transforma em algo inesperado. O descaso é escancarado.
A honra é exigida de fato, pelo outro lado.
Caso o combinado vire algo inesperado para o outro lado, este é motivo de brigas, conflitos, brigas exautivas e extenuantes seguidas por acusações muitas vezes insanas.
Pretextos... que se transformam em brigas seguidas de difamações e injúrias, tudo na tentativa de jogar a tua auto-estima lá no chão.
O código do politicamente correto, do honrar da palavra, os acordos verbais parecem perecer dia a dia. O ego exige atenção máxima em si e para si próprio... a balaça do relacionamento parece nunca equlibrar... um pedido de desculpas? Jamais! Isso demonstraria fraqueza, vulnerabilidade... pois o ego novamente é o único que importa... e ele é voraz.
As dores do outro? "Que se foda as suas dores", é o que dizem... "Você está sofrendo? Que ótimo! Deveria sofrer um pouco mais!". E por aí vai...
O que de fato está acontecendo com a humanidade? Ou ela sempre foi assim?
A humanidade está desumanizada?
Ou precisamos nos desumanizar para nos tornarmos outra coisa?
Seria o ato de se tornar um "ser humano" uma meta falida?
São muitas perguntas para zero respostas, pois nada parece de fato, mudar.
Milênios se seguem e o que muda são apenas os personagens...
A história se repete, de novo e de novo... incansavelmente.
Quem ousa questionar, desaparece misteriosamente, antes eram assassinados como hereges... outros perseguidos, humilhados, maltratados... e até queimados vivos em praça pública...
Ahh sim... essa já foi uma das punições/shows preferidos da época: ver as tais bruxas queimarem vivas!
Mas quem realmente eram essas bruxas?
Eu lhes digo: eram mulheres simples, sábias, de coração humilde e bondoso que detinha conhecimentos sobre a natureza e que ajudava as pessoas com seus remédios naturais... remédios estes tão eficazes que os médicos da época se sentiam ameaçados... e assim, por ameaçar o negócio, ela era "condenada" e queimada viva... juntamente com tantas outras que ousavam questionar os métodos agressivos daquele período... ou simplesmente tinham opiniões contrárias à dos seus maridos... outras que sabiam demais... enfim, era um show garantido:
com muita gente assistindo... com labaredas fazendo zunido... e o povo, aos gritos... sentenciando o que de fato, estava sendo banido: o amor por elas atraído.
Assim o bem foi corrompido.
O afeto, proibido.
O bem apenas assistido, enquanto o mal era aprendido - e repetido.
E o ego... com bens e posses, poder e fama - medido.
Assim se mantém até hoje.
Ah, mas as leis mudaram! Sim... mudaram... e maldade mudou de nível.
Hoje eles usam nossas dores contra nós.
Nossa história de sofrimento virou chacota.
Nossos antepassados velhos ranzinzas...
E as sábias são julgadas de loucas, insanas, depravadas ou putas - dependendo da situação... o que a firá mais?
Esta é e sempre foi a humanidade, sendo a humanidade...
E as mulheres sofrendo por simplesmente serem mulheres.
Eles se esqueceram que nasceram, que foram gestados em corpos de mulheres...
Eles se esqueceram de que seus filhos foram gestados em corpos de mulheres...
Eles esqueceram de quem amamentou quem.
Eles esqueceram de que a única contribuição deles necessária para a perpetuação da espécie, é apenas de uma microscópia semente.
Gestamos, parimos, nutrimos e mesmo assim somos tratadas igual um monte de lixo orgânico, largado à terra para que se decomponha ... e sem fazer barulho!
Cadê a honra nisso?
Cadê o companheirismo?
Cadê o afeto?
E o amor... será que um dia existiu...?
Ou era uma mera relação de utilidade?
Uma ilusão plantada por mais um acordo comercial... político...?
Deixou de ser viável e virou descartável, violável?
E... é exatamente assim que ainda hoje muitas de nós somos tratadas.
É hora de parar de romantizar o sofrimento e começar a raciocinar sobre as merdas que estão acontecendo na porra da nossa vida.
Sim! Tipo um tapa da cara que te faz cair da cama quando acorda derrepente... mas é necessário, porque já passou da hora e estamos atrasadas... atrasadas para começar a viver, ao invés de só sobreviver...
Venha minha irmã, a vida te chama.
É hora de acordar...
...a felicidade tem pressa.
Sem mais,
Sollanna.
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